O Resumo
- A agência meteorológica do Japão emitiu na quinta-feira seu primeiro “aviso de megaterremoto”.
- O alerta ocorreu após um terremoto de magnitude 7,1 na costa sul do país.
- Isso aumenta o risco de um terremoto ainda maior no Nankai Trough, uma zona de subducção submarina que os cientistas acreditam ser capaz de produzir tremores de até magnitude 9,1.
Depois que um terremoto de magnitude 7,1 atingiu as ilhas do sul do Japão na quinta-feira, a agência meteorológica do país enviou um alerta ameaçador: outro terremoto maior pode estar chegando, e o risco será especialmente alto na próxima semana.
No primeiro “aviso de megaterremoto” que já emitiu, a agência disse que o risco de tremores fortes e tsunamis são maiores do que o normal no Nankai Trough, uma zona de subducção com potencial para produzir tremores de magnitude 8 ou 9. Os moradores da área, disse, devem se preparar.
A mensagem não foi uma previsão, mas uma previsão de risco aumentado — e mostra o quanto os sismólogos avançaram na compreensão da dinâmica dos terremotos em zonas de subducção.
Aqui está o que você precisa saber sobre a situação.
Uma zona de subducção perigosa
A depressão de Nankai é uma zona de subducção submarina onde a placa eurasiana colide com a placa marítima filipina, forçando esta última a passar por baixo da primeira e em direção ao manto da Terra.
Falhas de zona de subducção criam estresse, e um chamado terremoto de megathrust acontece quando uma falha bloqueada desliza e libera esse estresse. “Megaquake” é uma versão abreviada do nome. Essas zonas produziram os terremotos mais poderosos da história da Terra.
O “Anel de Fogo” do Pacífico é uma coleção de zonas de subducção. Nos EUA, a zona de subducção Cascadia, na costa oeste, vai da Ilha de Vancouver, Canadá, até o Cabo Mendocino, Califórnia.
A falha Nankai Trough tem vários segmentos, mas se toda a margem da falha deslizasse de uma só vez, cientistas japoneses acreditam que a falha seria capaz de produzir um terremoto de magnitude 9,1.
Se um megaterremoto acontecesse perto do Japão, a Placa Marítima das Filipinas se moveria, talvez de 9 a 30 metros, perto da costa sudeste do país, produzindo tremores intensos.
O deslocamento vertical do fundo do mar causaria um tsunami e empurraria ondas em direção à costa do Japão. Essas ondas poderiam atingir quase 100 pés de altura, de acordo com estimativas de cientistas japoneses publicadas em 2020.
Uma história de grandes terremotos
O Nankai Trough produziu grandes terremotos aproximadamente a cada 100 a 150 anos, indicou um estudo no ano passado. O Comitê de Pesquisa de Terremotos do Japão disse em janeiro de 2022 que havia uma chance de 70% a 80% de um mega terremoto de empuxo nos 30 anos subsequentes.
Grandes terremotos no Nankai Trough tendem a ocorrer em pares, com o segundo frequentemente rompendo nos dois anos subsequentes. Os exemplos mais recentes foram terremotos “gêmeos” no Nankai Trough em 1944 e 1946.
O fenômeno se deve à natureza segmentada da falha; quando um segmento desliza, ele pode causar tensão em outro.
O terremoto de magnitude 7,1 de quinta-feira ocorreu na zona de subducção ou próximo a ela, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos.
Harold Tobin, um professor da Universidade de Washington que estudou o Nankai Trough, disse que o terremoto de magnitude 7,1 ocorreu em um segmento que treme com mais frequência do que outros. Terremotos regulares podem aliviar o estresse, então a possibilidade de que o próprio segmento produza um grande terremoto é menos preocupante. A preocupação é a proximidade do terremoto a um segmento que vem acumulando estresse desde a década de 1940.
“É adjacente à região ocidental de Nankai e está claramente bloqueada. Esse é o motivo do alerta e da preocupação”, disse Tobin.
Uma previsão, não uma predição
Os cientistas não conseguem prever terremotos, mas estão desenvolvendo a capacidade de prever períodos de maior risco, principalmente em áreas com tremores frequentes e bons equipamentos de monitoramento, como o Japão.
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